quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O que se passou com a Enfermagem?


É do conhecimento geral, pelo menos dos profissionais e futuros profissionais de Enfermagem, que a situação está difícil. E chamamos-lhe situação por não existir outro termo para o descrever. A conjuntura não facilita, a economia vacila e quem não se sabe defender acaba invariavelmente por sofrer.
A Enfermagem, e os Enfermeiros (que chega de falar no abstracto) facilitaram no passado. Permitiram que, por falta de profissionais se formassem e utilizassem outros profissionais de forma...mais abrangente do que aquilo que seria de desejar. Os Enfermeiros, eles mesmos, desdobraram-se em trabalhos e trabalhinhos, com o argumento do aumento das contas correntes, e prejudicaram a imagem de uma Enfermagem que se quer moderna, profissional e necessária. Ora se com vinte profissionais se fará (aos olhos de uma miríade de gestores, administradores, economistas e estadistas esquecidos) o mesmo trabalho que se faria com trinta enfermeiros torna-se lógica a decisão de cortar no orçamento, de esquecer os cuidados (que aos olhos de quem gere se mantêm iguais) e optar pelo caminho da economia e da poupança desmedida. Cabe a nós, Enfermeiros de profissão, relembrar a quem de direito, como seria um mundo em que, um Enfermeiro faz "apenas" o trabalho de um Enfermeiro. Chega de correr pelos corredores, adormecer de exaustão pelas cafetarias, prejudicar a saúde em nome de um cavalo alado inexistente. Compreendo que apenas um Enfermeiro não conduz à mudança, mas uma mudança do paradigma profissional só beneficiaria o utente, as instituições e, no extremo, a equipa de saúde.
Não é possível ver, hoje em dia, o mundo como à 10 anos atrás. As regras empresariais apoderaram-se da economia, da gestão, da saúde e do bem-estar da população. A precaridade é a palavra de ordem, mas não existe ponto comum entre precaridade e alto desempenho. Esse desempenho só pode ser mantido com a constante actualização. Como podemos então GARANTIR a constante actualização por parte de Enfermeiros, Médicos, Radiologistas, Cardiopneumologistas, etc? Como podemos garantir iguais comportamentos e pesquisas se todos sabemos que a curiosidade e a motivação para aprender reside no interior de cada um de nós? A resposta, embora controversa é, no meu entender simples: Através de uma avaliação objectiva, concisa e, mais que tudo, quantificável. Não se avaliaria apenas o desempenho, mas sim o grau de conhecimentos, de especialização, de abrangência e consequentemente conseguir-se-ia um aumento da eficiência. Sistemas transparentes e honestos...como preconizado pela União Europeia. Não somos o primeiro grupo profissional a passar por dificuldades que, ainda por cima, todos consideramos conjuntural, em vez do fatalismo optemos pelo empreendedorismo. Limitemos o acesso ao ensino superior, limitemos ainda mais o acesso ao ensino superior privado...o acesso à educação é inteiramente público, desde que se cumpram os requisitos para esse mesmo acesso. Deve ser igual para todos os jovens portugueses...ora se uns entram sem esforço (que não económico) e outros sofrem para um acesso gratuito (ou tendencialmente...a 900 euros), inicia-se logo aqui um paradoxo. Mais um.

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