terça-feira, 30 de setembro de 2008

Muitos hospitais e centros de saúde sem enfermeiros.

Segundo o Jornal de Notícias, "A adesão dos enfermeiros à greve de dois dias, que se iniciou esta terça-feira, deixou muitos hospitais e centros de saúde sem um único profissional, garantiu o coordenador do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, admitindo que isso provocou um "impacto indesejado nos cidadãos". "De facto, esta greve está a traduzir-se em algum impacto indesejado para os cidadãos [porque] a generalidade dos blocos operatórios está a funcionar apenas com as urgências". Em "muitos centros de saúde (...) não existem enfermeiros" a trabalhar, disse José Carlos Martins em conferência de imprensa à porta do Hospital de São José, em Lisboa."Desctaca-se ainda a elevada taxa de adesão à greve no que diz respeito aos colegas dos Cuidados de Saúde Primários, "...há uma elevadíssima adesão da parte dos colegas dos cuidados primários que é, diga-se, onde existe o maior número de enfermeiros a contrato a quem a senhora ministra diz que lhes vai prorrogar o contrato", salientou o coordenador do SEP. Para José Carlos Martins, este tipo de adesão à greve demonstra que "está bem claro para os enfermeiros que a prorrogação dos contratos não é uma solução, é um remendo", porque a solução "é efectivar".


Contactado pela Agência Lusa, o Ministério da Saúde recusou avançar dados relativos à paralisação.


Apesar de não ter ainda dados definitivos sobre os números de adesão a esta greve, que começou esta terça-feira e se prolonga por quarta-feira, o dirigente sindical disse ao Jornal de Notícias não ter dúvidas de que os números rondarão entre os 60 a 80%, justificando que mesmo nos hospitais onde a média global de adesão é baixa, há serviços que ficaram completamente desfalcados de enfermeiros

Para José Carlos Martins, "se a senhora ministra da Saúde ainda não compreendia a greve, no decurso das primeiras horas da manhã passou a compreende-la".

As reivindicações, como explicou o sindicalista, passam pela admissão de mais enfermeiros, efectivação de contratos a cerca de cinco mil profissionais, melhores salários aos mais competentes, "nomeadamente os especialistas", numa carreira profissional que enquadre, do ponto de vista salarial, os enfermeiros de acordo com a licenciatura que detêm.


Segundo a RTP "Os serviços mínimos foram garantidos no Hospital de São José e as consultas externas foram os serviços menos afectados. Fonte hospitalar referiu [à RTP] que a adesão foi de 74 por cento.

Aderiram à greve 350 dos 660 enfermeiros escalados no Hospital de Santa Maria. Alguns serviços do maior hospital de Lisboa funcionaram com normalidade, mas noutros, como o bloco operatório, foi registada uma adesão de 80 por cento."



RTP: Enfermeiros entraram em greve (clique para ver).

Omnia si perdas, famam servare memento

Não foi com espanto que ouvi a Ministra da Saúde, Dr.ª Ana Jorge, referir a falta de compreensão no que toca à Greve Nacional de Enfermeiros agendada para os próximos dias 30 de Setembro e 1 de Outubro.
Seria de esperar que, após a recente vitória acerca do debatido Modelo de Desenvolvimento Profissional, os ânimos reivindicativos esmorecessem e os Sindicatos arrumassem as bandeiras. Esta é, obviamente, a visão institucional. Será então lógico que, depois de Dezembro do presente ano (data de apresentação em Conselho de Ministros da proposta) a situação se irá, de imediato, inverter? A resposta do Sala de Enfermagem é não.
No que toca à admissão, por exemplo, o que passa actualmente é gritante. Jovens Enfermeiros, formados com verba oriunda da Administração Pública, acumulam-se nos bancos dos Centros de Emprego. São licenciados, representam a entrada com médias ainda elevadas (à quatro anos atrás) e, passivamente, esperam a integração nas instituições. Mas…nem todos. As entradas veladas sucedem-se uma após a outra e acontecem frequentemente com Enfermeiros oriundos de Escolas privadas. Estes, não raras vezes, são admitidos nas instituições através do referido sistema velado que nada abona a favor da imagem da Enfermagem moderna. Em detrimento dos Enfermeiros oriundos de Escolas públicas, com médias de acesso mais altas e, portanto, com maior motivação, maior investimento intelectual prévio e, eventualmente, com maior capital intuitivo. Jobs for the Boys, onde é que eu já ouvi isto? Presumo que seja no mesmo país onde a média de acesso não é importante, excepto se for num concurso público. E mesmo assim, apenas se corresponder aos critérios apertados, criados de forma a seleccionar, de forma dirigida, o futuro profissional. Este modus operandi prático, mas flagrante, constitui a forma de aumentar o ângulo em relação ao solo mantendo, ainda assim, menos de 90º. A Física da empregabilidade é semelhante à Física espacial, depende do ponto de vista e das interacções.
Este problema nasce da incapacidade de absorção, por parte do mercado de emprego, de todos (ou da maior parte) dos licenciados em Enfermagem. Estará o defeito do lado do Ministério da Ciência e Ensino Superior, que forma em larga escala, ou do lado do Ministério da Saúde, cujas políticas economicistas restringem o acesso dos profissionais ao mercado de trabalho? Ou ainda, de sucessivos erros administrativos que levaram a uma exaustão económica que levou a uma má distribuição dos recursos?
Na opinião que me concedem o erro está, infelizmente, numa combinação destes factores com uma inércia social generalizada. Vivemos num país de brandos costumes, e os costumes brandos não são brandos com quem os apregoa. A senhora Ministra da Saúde não compreende a Greve. Quanto a nós, Enfermeiros e redactores deste blogue, não compreendemos como é que, correndo tudo de feição, os problemas se continuam a amontoar no Sistema Nacional de Saúde. Omnia si perdas, famam servare memento, citação latina para "Perca-se tudo, menos a honra", lutemos para que isso não ocorra.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Greve Nacional de Enfermeiros




A "Uma Só Voz" os sindicatos de Enfermagem convocam greve para os dias 30 de Setembro (M/T) e 1 de Outubro (N/M/T)


Enfermeiros Portugueses, chegou finalmente a hora crucial pela qual todos esperámos. Mostremos a indignação, mostremos a face do desespero, mostremos a força com que lutamos pela melhoria da qualidade dos cuidados prestados à população. Lutemos de punho erguido contra a opressão, a incoerência administrativa, a precaridade, o assimetrismo salarial, as limitações na admissão. Mostremos ao poder vigente que os Enfermeiros têm uma palavra a dizer acerca do descarrilar da saúde dos utentes. Afinal, somos licenciados, somos necessários e, com GRAVE prejuízo para o sistema nacional de saúde, estamos a ser desqualificados e, mais que isso, desclassificados numa corrida ignóbil e desnecessária.
A saúde dos Portugueses e Portuguesas é a nossa prioridade. Sem condições laborais óptimas nao existem cuidados de saúde óptimos. Os Enfermeiros são, antes de mais, seres Humanos, que cuidam outros seres Humanos. No próximo dia 30 de Setembro e 1 de Outubro apontamos o dedo ao Governo, ao Ministério da Saúde, e a todos os portugueses e perguntaremos "Em consciência, são os Enfermeiros bem remunerados? São os Enfermeiros suficientes segundo as estatísticas europeias? São os Enfermeiros alvos de políticas de protecção, tendo em conta o risco e o desgaste sofrido?". Todos nós sabemos as respostas a estas perguntas, lutemos por ser ouvidos!
Consulte:
"COM A APROVAÇÃO DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL O MINISTÉRIO NÃO TEM QUALQUER ARGUMENTO PARA NÃO ACEITAR UMA CARREIRA UNICATEGORIAL"
"É possível, é justo, está ao nosso alcance … e nas nossas mãos."
A LUTA CONTINUA, NÃO PODEMOS DESISTIR DE MELHORES CUIDADOS DE SAÚDE PARA A NOSSA POPULAÇÃO.

Governo admite falta de recursos humanos nos cuidados primários

"O desequilíbrio no número de profissionais afectos aos Cuidados de Saúde Primários e Hospitalares e o investimento desigual nestas áreas são duas das ameaças ao Sistema Nacional de Saúde, de acordo com os autores do livro "Cuidados de Saúde Primários em Portugal -Reformar para Novos Sucessos", cuja segunda edição foi ontem apresentada em Lisboa e contou com a presença do secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro.
André Biscaia, um dos autores do estudo, salientou que "Portugal tem uma orientação forte para os cuidados de saúde primários em termos teórios, mas, na prática, está mais virado para os hospitais". Prova disso é o facto de o número de profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) afectos aos cuidados hospitalares ser muito superior aos dos CSP.
O secretário de Estado da Saúde [Manuel Pizarro]não nega que a insuficiência de recursos humanos é a principal dificuldade sentida na actual reforma dos cuidados de saúde primários(...)"

Manuel Pizarro
Sec. de Estado da Saúde


in Jornal de Notícias 2008-09-24, por Fátima Mariano. Ler Notícia completa Aqui.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Qui furtim accipit, palam exsolvit(*)

A reavaliação dos exames nacionais de uma aluna do 11.º ano da Escola Secundária de Fafe transformou notas "suficientes" em notas "excelentes". Os restantes pais não se conformam e já foi pedida a intervenção do Ministério da Educação.

Pais e alunos das turmas do 11º ano, do ano lectivo transacto, da Escola Secundária de Fafe estão revoltados com a "subida astronómica" que tiveram as notas de uma aluna após pedido de recurso dos exames nacionais de Física e Química e de Biologia e Geologia. As notas transformaram-se, após o recurso da aluna, de positivas suficientes em notas de excelência.
"Na prova de Física e Química passou de 9,8 para 18,9 enquanto na prova de Biologia e Geologia a nota de 11,6 transformou-se em 19", explicou ao JN um dos vários encarregados de educação que se apresentam revoltados com esta reviravolta na classificação dos exames nacionais.

"Como é possível que um professor avalie uma prova com uma nota muito baixa e a mesma prova seja reavaliada e colocada quase com a cotação máxima?" Esta pergunta atravessa, por estes dias, a mente de vários pais e alunos que se sentem injustiçados e descriminados pelo tratamento dado a este caso.

A desconfiança dos pais é ainda reforçada pelo facto de a mãe da aluna em causa ser docente naquele estabelecimento de ensino e, segundo alegam, "há cerca de três anos" ter acontecido "o mesmo com outro filho que agora até está na universidade a cursar Medicina". São coincidências que os encarregados de educação não pretendem deixar passar em branco

Ao que o JN apurou, em causa não está apenas uma simples reavaliação dos exames mas também um hipotético atestado médico que indica que a jovem poderá sofrer de dislexia e que a leva a não responder acertadamente às questões que na sua maioria são de escolha múltipla. (!?)

Este assunto está a causar algum mal-estar na Secundária de Fafe onde, inclusive, terá estado nos últimos dias uma equipa de inspectores do Ministério da Educação. Esta informação não foi confirmada oficialmente ao JN, já que José Caetano, presidente do Conselho Executivo da escola, não quis pronunciar-se para já sobre o assunto.
Esta situação é delicada porque abrange a comunidade escolar de uma pequena cidade onde quase todos se conhecem e, por esse facto, todos negam dar a cara para a reportagem do JN. A Associação de Pais também não se quis pronunciar oficialmente sobre o caso, mas o JN apurou junto de fonte próxima que "por uma questão de equidade entre todos os alunos foi pedido, através de carta, ao Ministério da Educação e ao Juíz Presidente dos Exames Nacionais que as provas de todos os alunos do 11º ano da Secundária sejam reavaliadas".

Fonte: Jornal de Notícias
(*)- Quem o alheio veste, na praça o despe.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Semana do Humor.

Como parece que afinal o país está a saldo...ou melhor, para celebrar o início do ano político, vamos publicar humor. Humor do bom. Ou do razoável...


Hot Line (INEM - Bombeiros de Mafamude) - Gato Fedorento


Ricardo Araújo Pereira brinca com o INEM...eu fiquei claramente indignado...aliás, sabemos que em Portugal esta situação NUNCA poderia ocorrer. Para atestar esta bonita situação aqui vai uma (super espectacular) situação real:



Hot Line (INEM-Desgraça(!)) - Real....

"Está doente? Ah, então...espera uns 30 minutinhos, mais IVA...pronto, são umas 2 horinhas...pode ser? É para comer já ou levar?..."

"Está morto? Então sempre morrem pessoas?! Bolas, não me ensinaram isto!"

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Antena Aberta, 15-01-2008, Desemprego em Enfermagem.


Emissão da Antena 1, o programa é o Antena Aberta. Neste programa, vários dirigentes, entre eles Guadalupe Simões, referem (e bem) quais os problemas da Enfermagem moderna e que soluções podem ser apontadas. Chocante, alarmante e, infelizmente, real.

Pode ser ouvido aqui. (Clique)

Damos as boas vindas a mais uma colega.

Parece que, finalmente, as negociações foram a bom porto e o nosso serviço poderá, brevemente, contar com uma nova colega de trabalho. Desta vez no feminino vamos dispor de uma preciosa colaboração.

Na entrevista, claramente favorável, referiu que:
As suas áreas de eleição são a "Cirurgia, uma das minhas [suas] àreas preferidas assim como Cuidados Intensivos e Medicina."

Para além disto, refere ainda que:
"Se por um lado se pode sentir o pouco reconhecimento por parte de profissionais "conformados", por outro tem-se também a motivação inicial que e espero que se prolongue por muito tempo."

Sê bem-vinda ao Sala de Enfermagem, este é também o teu espaço, esperamos poder ler as tuas palavras brevemente, assim que achares que tens algo para nos dar na "passagem de turno".

Activos do Sala-de-Enfermagem: 3

domingo, 21 de setembro de 2008

Bastonária da OE salienta importância do acordo estabelecido com Ministério da Saúde

Decorreu na tarde de ontem, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, a Cerimónia de Vinculação à Profissão dos jovens enfermeiros inscritos na Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros (OE). Na sessão, a Enf.ª Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, salientou a recente aceitação, por parte do Ministério da Saúde, da proposta de Modelo de Desenvolvimento Profissional proposto pela OE, que contempla, entre outros aspectos, a criação de um internato em Enfermagem (tal como já tinha sido avançado no blog na sexta-feira).

No discurso de boas-vindas aos recém-licenciados à profissão, a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros recordou os resultados da reunião da passada quinta-feira com a Dr.ª Ana Jorge, Ministra da Saúde, e com o Dr. Francisco Ramos, Secretário de Estado Ajunto e da Saúde. «Foi aceite formalmente o instrumento que há-de regular a profissão no futuro». Houve um compromisso da equipa ministerial no sentido de que «o Modelo de Desenvolvimento Profissional corresponderá à maior capacitação dos enfermeiros no que diz respeito à qualidade e segurança dos cuidados prestados aos cidadãos», afirmou a Enf.ª Maria Augusta Sousa.

De acordo com a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, «estão criadas as condições políticas para que a alteração estatutária da Ordem seja apreciada na Assembleia da República».

Para a Enf.ª Maria Augusta Sousa, o passo dado esta semana junto do Ministério da Saúde é comparável, em termos de relevância para a profissão e para os cidadãos destinatários dos cuidados, com a criação de um único nível de formação em Enfermagem, facto que ocorreu em 1975.

Falando perante cerca de 250 jovens enfermeiros, a Bastonária da OE não podia deixar de fazer referência às dificuldades de empregabilidade. Sublinhando que essa é uma matéria que compete aos responsáveis políticos da Saúde, a Enf.ª Maria Augusta Sousa solicitou aos colegas presentes na cerimónia que ajudem a desmistificar a ideia de que «as necessidades em cuidados de Enfermagem estão cobertas porque há enfermeiros no desemprego. Isso não é verdade. O que existe são necessidades não cobertas e uma política de emprego inadequada».

Na Cerimónia de Vinculação da Secção Regional do Sul também tiveram oportunidade de dirigir algumas palavras aos jovens colegas a Enf. Lucília Nunes, Presidente do Conselho de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros, e o Enf. Rogério Gonçalves, Presidente do Conselho Directivo Regional da Secção Regional do Sul.


(Fonte: Ordem dos Enfermeiros)

Caros colegas, fica este post à vossa consideração. Gostávamos de saber a vossa opinião acerca do assunto, muito se falou deste momento, parece que já não está longe a sua concretização.

Esperamos ter reacções.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sopram ventos de mudança...


Realizou-se ontem, dia 18 de Setembro ás 18 horas, a reunião apelidada de "decisiva" pela Ordem dos Enfermeiros. Da reunião entre o Conselho Directivo da Ordem dos Enfermeiros e a Dr.ª Ana Jorge, Ministra da Saúde, e o Dr. Francisco Ramos, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, surgiu o seguinte:

"- Houve da parte da Senhora Ministra da Saúde e do Senhor Secretário de Estado um compromisso claro no sentido do Ministério viabilizar a revisão estatutária e a aplicação do Modelo de Desenvolvimento Profissional proposto pela OE, os quais implicam, entre outros aspectos, a criação de um ano de transição entre o percurso académico e a entrada na profissão dos jovens licenciados (vulgo «internato»).

- A OE recorda que este período de transição é fundamental para que a integração dos jovens licenciados – e também de enfermeiros que tenham estado afastados da prática clínica durante tempo significativo – seja feita de forma adequada, devidamente estruturada, com segurança e qualidade para os profissionais de saúde, mas sobretudo para as pessoas que recebem cuidados de Enfermagem. A Ordem dos Enfermeiros defende que este período de prática tutelada deve ter a duração de um ano, mas está disponível para rever esta questão com o Ministério da Saúde. Durante este período de «internato», o enfermeiro recém-licenciado terá um título profissional provisório, exercendo a actividade profissional sob supervisão. Após esse período, será atribuído pela OE o título profissional definitivo e o enfermeiro poderá desenvolver o exercício profissional autónomo.

- A equipa ministerial e a OE acordaram em desenvolver todo um trabalho que visa a operacionalização deste Modelo de Desenvolvimento Profissional, sendo que para isso será criado, ainda hoje, um grupo de trabalho conjunto. Por parte da OE, os elementos nomeados para este grupo de trabalho são a Enf.ª Teresa Oliveira Marçal, Vice-presidente da Ordem e membro do Conselho Directivo responsável por esta pasta, e a Enf.ª Lucília Nunes, Presidente do Conselho de Enfermagem da OE. O Ministério da Saúde indicará dois elementos.

- A Senhora Ministra da Saúde comprometeu-se a levar a Conselho de Ministro, até ao final de Dezembro de 2008, uma proposta que criará as condições legislativas para a viabilização da revisão estatutária da OE.

- A OE encara a reunião de ontem como muito positiva para a qualidade e segurança dos cuidados de Enfermagem prestados aos cidadãos, uma vez que o Conselho Directivo da OE está convicto que os compromissos assumidos pela equipa ministerial terão implicações decisivas no desenvolvimento da profissão, na motivação e na satisfação dos profissionais. Acredita-se, igualmente, que com esta decisão da equipa ministerial foi dado o primeiro passo para a criação de instrumentos para assegurem um desenvolvimento e melhoria da regulação profissional por parte da OE, considerando os desafios que o futuro nos coloca.

- Serão agendadas para a próxima semana reuniões com o Dr. Francisco Ramos, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, e com o Dr. Manuel Pizarro, Secretário de Estado da Saúde, para aprofundar a discussão com a OE em torno de propostas no âmbito das dotações seguras de recursos humanos em Enfermagem, reforma dos Cuidados de Saúde Primários e Rede de Cuidados Continuados Integrados."

Sopram mesmo ventos de mudança...ventos benéficos para a Enfermagem. Parabéns Ordem, uma luta foi vencida, augúrios de sucesso para a Enf.ª Teresa Oliveira Marçal e Enf.ª Lucília Nunes, nomeadas para o grupo de trabalho conjunto com o Ministério. Por seu turno, o Ministério, comprometeu-se a levar a proposta legislativa até ao final de Dezembro.

Ver press-release completo Aqui.

(fonte: Ordem dos Enfermeiros, Imagem: Ordem dos Enfermeiros)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Aumentamos os efectivos

Ao contrário do que acontece no Sistema Nacional de Saúde, esta Sala de Enfermagem quer-se com os efectivos necessários. É um prazer anunciar que "contratamos" mais um autor, mais um Enfermeiro, que brevemente apresentará as suas palavras e resultados de pesquisa neste blogue.
Assinará sob o pseudónimo de Enfermeiro e, na opinião do Administrador, é sem dúvida uma mais valia para o "serviço".

Damos as boas vindas ao "Enfermeiro" e aguardamos ansiosamente a sua primeira contribuição.

O concurso continua aberto, façam chegar o desejo de integrar fileiras através do blogue!

A Ansiedade no Doente Cirúrgico (Artigo)

"A explicação das rotinas do serviço e dos procedimentos que envolvem a cirurgia, não deve de modo algum ser descurada, pois serve para eliminar o medo do desconhecido."


Vítor António Soares Santos

Enfermeiro do Bloco Operatório do Hospital São Pedro Gonçalves Telmo

Formador na área da enfermagem Perioperatória na FORMASAU , Formação e Saúde Lda.


Resumo

Actualmente ninguém coloca em questão, que intervenção cirúrgica é uma experiência geradora de ansiedade para o utente, tanto a nível psicológico, como fisiológico, na medida em que o utente tem pouco controlo sobre a situação. Esta ansiedade é variável de utente para utente e são vários os factores que estão na sua origem.

Assim, são frequentes os sentimentos relacionados com a ansiedade, medo do desconhecido e impotência.


Ansiedade

De acordo com KAPLAN, SADOCK e GREBB (1997:545), a ansiedade é “…uma vivência comum de virtualmente qualquer ser humano.”, é uma sensação que se caracteriza por “…um sentimento difuso desagradável e vago de apreensão, frequentemente, acompanhado por sintomas autonómicos como cefaleia, perspiração, palpitações, (…) inquietação.”

Esta definição está de acordo com STUART e LARAIA (2001:306), que afirmam tratar-se de “…uma emoção e uma experiência individual subjectiva.” De acordo com estes mesmos autores o termo ansiedade, deriva da palavra latina “angere”, que significa “estrangular” e “causar sofrimento”.

DAVIDOFF (1983:440), por seu lado surge com o conceito de ansiedade como “… uma emoção caracterizada por sentimentos de previsão de perigo, tensão e aflição e pela vigilância do sistema nervoso simpático.” Esta definição lembra-nos a parte fisiológica da ansiedade, o stress. De acordo com CASSMEYER e MARANTIDES (2003:130), “a ansiedade é uma reacção psicológica a factores de stress, com componentes fisiológicas e psicológicas.”

Esta ideia é reforçada por NEEB (1997:185), que afirma “o stress provoca ansiedade”, este na maioria dos casos é associado a situações negativas, embora as coisas positivas da vida também produzam stress. De acordo com a mesma autora, “este stress resultante de experiências positivas é denominado de eustress.” (NEEB, 1997:185), este eustress pode produzir tanta ansiedade quanto os factores de stress negativos.

De acordo com CASSMEYER e MARANTIDES (2003:122), “a reacção ao stress inclui componentes de carácter intelectual, comportamental e emocional, como actos de tomada de decisão, recusa e raiva, bem como componentes fisiológicas.”


Fisiologia da Ansiedade

As componentes fisiológicas e suas secreções, as hormonas e catecolaminas, são responsáveis pela resposta neuroendócrina aos factores de stress. Segundo CASSMEYER e MARANTIDES (2003:122), “o hipotálamo estimula a hipófise anterior, libertando hormonas…”, que vão estimular a libertação de catecolaminas, cortisol, aldosterona e hormona antidiurética. A adrenalina e a noradrenalina, são catecolaminas associadas à excitação dos receptores α e β adrenérgicos. A estimulação destes receptores influencia, por exemplo o aumento da actividade cardíaca e a broncodilatação.

Já o cortisol é libertado pelo córtex supra-renal, sob controlo hormonal, e de acordo com CASSMEYER e MARANTIDES (2003:124), “tem os seus efeitos principais no metabolismo da glucose, no metabolismo proteico e lipidico e no equilíbrio hidroelectrolitico; tem também efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores.” Segundo as mesmas autoras, o cortisol aumenta também os efeitos de outras hormonas e catecolaminas na manutenção do débito cardíaco e da pressão arterial. CASSMEYER e MARANTIDES (2003:124), voltam a reforçar esta ideia, explicando que:

      “O efeito do cortisol no metabolismo, nos líquidos e nos electrólitos, para além da sua acção permissiva noutras hormonas, parece lógico como reacção às necessidades do organismo em presença de factores de stress. No entanto, os efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores parecem ilógicos, na medida em que poderão ser mais nocivos do que úteis.”

Por seu lado a aldosterona é libertada no córtex supra-renal, e vai provocar a reabsorção de água e sódio, e a excreção de potássio e iões de hidrogénio. Segundo CASSMEYER e MARANTIDES (2003:124), este efeito fisiológico tem como fim, “… manter o volume vascular e a pressão arterial.”

Quanto à hormona antidiurética, também conhecida como vasopressina, esta é libertada pela hipófise posterior, após estimulação do hipotálamo. Esta hormona também actua nos tubulos distais e canais colectores renais, provocando reabsorção de água, embora “em concentração elevada, pode resultar em vasoconstrição das arteriolas e pode ajudar a aumentar a pressão arterial.” (CASSMEYER e MARANTIDES, 2003:126).


Ansiedade vs Medo

A ansiedade e o medo são dois conceitos distintos. De acordo com CASSMEYER e MARANTIDES (2003:130), “a ansiedade é um sentimento de apreensão ou desconforto, com origem não reconhecida.”, que difere do medo, na medida em que este “é um sentimento de apreensão focalizado numa fonte reconhecida.” O objecto do medo é fácil de especificar, enquanto que o objecto da ansiedade não é claro, tal como refere KAPLAN, SADOCK e GREBB (1997:545), “a ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou de origem conflituosa.” Por seu lado DAVIDOFF (1983:441), acrescenta que em termos de intensidade, a intensidade do medo é proporcional à magnitude do perigo, enquanto que na ansiedade, a sua intensidade “…tem a probabilidade de ser maior do que o medo objectivo (se for conhecido).”


Intensidade da Ansiedade

No que concerne à intensidade da ansiedade, PEPLAU, citado por STUART e LARAIA (2001:306,307), identificou 4 níveis de ansiedade:

  • “A ansiedade leve está associada com a tensão da vida quotidiana. Durante esse estágio o indivíduo está alerta e o campo de percepção aumentado. A pessoa vê ouve e apreende mais que antes.(…)

  • A ansiedade moderada, na qual o indivíduo concentra-se apenas em suas preocupações imediatas, envolve o estreitamento do campo de percepção, já que a pessoa vê, escuta e apreende menos. (…)

  • A ansiedade intensa é marcada por uma redução significativa no campo da percepção. O indivíduo tende a focalizar um detalhe específico e a não pensar em qualquer outra coisa. (…)

  • O pânico está associado com perplexidade, temor e terror. (…) O indivíduo não consegue funcionar mais como um ser humano organizado. (…) A pessoa em pânico é incapaz de comunicar ou de funcionar efectivamente. Esse nível de pânico não pode persistir indefinidamente, pois é incompatível com a vida.”

Assim, facilmente se depreende que podemos ir desde um estadio que pode motivar aprendizagem e produzir desenvolvimento (ansiedade leve), passando por outro estadio em que o indíviduo se abstém de determinados aspectos e foca-se num aspecto em particular (ansiedade moderada), passando por outro em que se direcciona toda a atenção e acção para o alivio da ansiedade, com grande diminuição da percepção (ansiedade intensa) e eventualmente atingir um estadio extremo em que exista maior actividade motora, menor capacidade de se relacionar com os outros, percepções distorcidas e perda do pensamento racional (pânico).

A ansiedade pode também afectar a aprendizagem, pois, de acordo com DAVIDOFF (1983:444), “em termos do nosso modelo de memória (…), a ansiedade pode influenciar a codificação, armazenamento e/ou recuperação.” De acordo com a mesma autora, as pessoas ansiosas podem sentir problemas de codificação que interferem na colocação da informação na memória.


Causas da Ansiedade

Na génese da ansiedade, estão vários factores. FREUD citado por DAVIDOFF (1983:442), refere dois grupos de factores desencadeantes do estado ansioso: “… perigos do mundo real e (…) previsão de punição por expressar impulsos sexuais agressivos ou outras formas proibidas (…) comportamento imoral.” No primeiro grupo temos, o facto da ansiedade ser causada por situações reais que levam ao sofrimento físico, enquanto que no segundo grupo a ansiedade é causada por cognições. De acordo com DAVIDOFF (1983:442), “…tanto os conflitos cognitivos, como as situações potencialmente perigosas parecem capazes de excitar ansiedade.”

Cirurgia como causa de Ansiedade

Mesmo que para os profissionais de saúde, algumas intervenções cirúrgicas sejam consideradas como pouco complexas, a cirurgia é sempre um processo marcante para o utente e família. De acordo com LONG (1999:456), “a cirurgia é um desencadeador de stress, tanto psicológico (…) como fisiológico (…).” Assim a cirurgia é portanto, uma ameaça potencial ou mesmo real para a integridade corporal do indivíduo, enquadrando-se perfeitamente no grupo dos factores desencadeantes de stress, do mundo real.

De acordo com NETO e NETO (1995:63), como factores geradores de stress pré-operatório mais comuns, temos o modo como o doente é admitido, a mudança de estatuto, o conceito de anestesia/intervenção cirúrgica e a rotura com o quotidiano. Como outros factores, que produzem stress tanto no doente cirúrgico, como no doente do foro médico em contexto hospitalar, temos a perda da independência, a presença de circunstâncias não familiares, separação do conjugue, problemas económicos, isolamento de outras pessoas, separação da família, falta de informação e ameaça de doença grave.

No que concerne ao modo de admissão, é determinante “…a familiarização com o hospital, com o serviço onde irá ficar internado, com o cirurgião que o irá operar, com a equipe de enfermagem que o vai cuidar.” (NETO e NETO, 1995:63). De modo a minimizar o desencadeamento de stress, o doente também deverá ficar ao corrente da sua situação e de como irá decorrer a intervenção cirúrgica. Deve-se ter em conta, que apesar de toda a preparação prévia, há sempre uma certa ansiedade, quanto mais não seja, relacionada com a entrada num meio novo e desconhecido. Assim a mudança de estatuto, provocada pela hospitalização, faz com que a pessoa se sinta doente mesmo que não esteja. De acordo com NETO e NETO (1995:64), trata-se de “…um fenómeno próprio do meio hospitalar, onde o conceito de doente predomina.” Assim é induzido um comportamento de estar doente, com todas as suas implicações psicológicas. A hospitalização e a mudança de estatuto, vão originar por sua vez a rotura com o quotidiano, pois de acordo com NETO e NETO (1995:65), “A vida familiar, o trabalho, os projectos, o ritmo de vida, as actividades de lazer…todas as referências que organizam a vida quotidiana ficam à porta do hospital.” De facto um novo ritmo é imposto ao utente, que inclui novo horário para despertar, novo horário de refeições e uma série de novas normas para cumprir. A inactividade forçada e a dependência verificada em algumas situações, são duramente ressentidas pela maioria dos utentes, o que se justifica pelo facto da sociedade atribuir ao trabalho um valor essencial. Ainda que o seu peso seja relativo nesta matéria, “As visitas são um aspecto importante, pois com a sua presença podem ser compartilhadas as preocupações e as inquietações.” (NETO e NETO, 1995:65). Assim, deste modo, o utente apesar de se encontrar internado, pode ter acesso a uma pequena parte do seu quotidiano.

Por seu lado, tanto a anestesia como a intervenção cirúrgica são factores geradores de ansiedade/stress. De acordo com NETO e NETO (1995:64), “a anestesia, provocando a perda de consciência, na maior parte dos doentes poderá significar meio caminho andado para a morte.” A intervenção cirúrgica causa inquietude, não por si própria, mas pelo mistério que envolve a sala de operações. Segundo NETO e NETO (1995:65), a sala de operações é um meio misterioso, “…por ser o local onde se exerce um poder, – o poder sobre a vida e sobre a morte.” Esta percepção de anestesia e cirurgia, varia, de acordo com as eventuais experiências anteriores, sejam elas positivas ou negativas, dos utentes.


Papel do Enfermeiro

É fundamental que o Enfermeiro desenvolva a sua actividade no sentido de reduzir a ansiedade do utente, tendo como pedra angular de todo o processo as seguintes premissas:

  • Abordagem calma, simples e concisa da situação

  • Proporcionar um ambiente calmo

  • Promover a análise de sentimentos

  • Promover a utilização de mecanismos de coping, que ajudem a diminuir a intensidade da ansiedade para níveis que proporcionem ao utente um maior controlo sobre a situação

Este trabalho pode ser desenvolvido na admissão do utente e durante o seu internamento, se for o caso, assim como durante a Visita Pré-Operatória de Enfermagem, que assume grande importância na medida em que vai ser nesta ocasião que o utente vai ter o primeiro contacto com o Bloco Operatório, nomeadamente com os Enfermeiros deste serviço.

Assim, é portanto fundamental, que na admissão, o doente seja abordado calmamente, procurando perceber que representações é que este tem acerca da situação e esclarecer eventuais dúvidas. É importante que o doente sinta algum controlo sobre a situação, sendo que uma forma simples de lhe transmitir essa sensação, passa por exemplo, por apresentar o serviço de internamento (estrutura fisica, pessoal). A explicação das rotinas do serviço e dos procedimentos que envolvem a cirurgia, não deve de modo algum ser descurada, pois serve para eliminar o medo do desconhecido. Mas o cuidar não é feito apenas de transmissão de informações. Durante todo este processo, é fundamental escutar o doente atenta e pacientemente, assim como fazer uso do toque, no sentido de comunicar através do contacto táctil, transmitindo a segurança que por vezes as palavras não conseguem transmitir. Por último, não devemos esquecer o papel da família em todo o processo, que deve ser incluida desde o inicio nos ensinos e utilizada como recurso, no reforço dos mecanismos de coping do doente.


Conclusão

A hospitalização, implica uma mudança de estatuto, para o individuo, particularmente quando o seu estado de saúde é grave, ou envolve um procedimento invasivo, como a intervenção cirúrgica. O desconhecimento acerca do que o espera, potencia bastante a intensidade da ansiedade experimentada pelo utente.

Qualquer um de nós pode ter de ser submetido a uma intervenção cirúrgica, sendo que é certo o aumento da intensidade da ansiedade, independentemente do suporte e representações que tenhamos acerca do acontecimento cirúrgico. Os Enfermeiros, devem portanto incluir a psicologia e a espiritualidade na abordagem ao utente e suas famílias, de modo a proporcionarem cuidados verdadeiramente holísticos.


Bibliografia

  • CASSMEYER, V.; MARANTIDES, D.- “Stress, Factores de Stress e Gestão do Stress”, In: PHIPPS, W. et al – Enfermagem Médico-Cirúrgica: Conceitos e Prática clínica. 6ª ed., Loures, Lusociência, 2003, ISBN: 972-8383-65-7

  • DAVIDOFF, L. L.- “Introdução à Psicologia”, São Paulo, Mc Graw-Hill, 1983.

  • KAPLAN, H.; SADOCK, B.; GREBB, J.- “Compêndio de Psiquiatria: Ciências do comportamento e Psiquiatria”, Porto Alegre, Artes Médicas, 1997 ISBN: 85 – 7307 – 211 - 3

  • LONG, B. – “Enfermagem Pré-Operatória”, In: PHIPPS, W. et al – Enfermagem Médico-Cirúrgica: Conceitos e Prática clínica. 4ª ed., Lisboa, Lusodidacta, 1999 ISBN: 972-96610-0-6

  • NEEB, K.– “Fundamentos de Enfermagem de Saúde Mental”, Loures, Lusociência, 1997 ISBN: 972-8383-14-2

  • NETO, H.; NETO, A.- “Factores Geradores de Stress Pré-operatório”, in Servir, Lisboa, vol. 43, nº 2, Março/Abril, 1995

  • STUART, G.; LARAIA, M.– “Enfermagem Psiquiátrica: Princípios e Prática”, 6ª ed., Porto Alegre, Artmed Editora, 2001 ISBN: 0-8151-2603-4

1º Congresso Nacional de Urgência Polivalente


O Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E. organiza nos dias 10 e 11 de Outubro de 2008, o primeiro Congresso Nacional de Urgência Polivalente.

O evento decorrerá no Auditório da Escola Superior de Enfermagem Artur Ravara, no Parque das Nações, em Lisboa.

Inscrição
- Valor da inscrição: 50€
- Pagamento por transferência bancária: NIB - 000 700 210 022 122 000 616

As inscrições devem ser enviadas para o email congresso.urgencia@gmail.com com o comprovativo da transferência e os seguintes dados:
Nome, Morada, Código Postal, Localidade, Telefone, E-mail, Local de Trabalho e respectivo telefone, Grupo Profissional.

São aceites inscrições até ao dia 30 de Setembro.

Para mais informações: Clique Aqui.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O que se passou com a Enfermagem?


É do conhecimento geral, pelo menos dos profissionais e futuros profissionais de Enfermagem, que a situação está difícil. E chamamos-lhe situação por não existir outro termo para o descrever. A conjuntura não facilita, a economia vacila e quem não se sabe defender acaba invariavelmente por sofrer.
A Enfermagem, e os Enfermeiros (que chega de falar no abstracto) facilitaram no passado. Permitiram que, por falta de profissionais se formassem e utilizassem outros profissionais de forma...mais abrangente do que aquilo que seria de desejar. Os Enfermeiros, eles mesmos, desdobraram-se em trabalhos e trabalhinhos, com o argumento do aumento das contas correntes, e prejudicaram a imagem de uma Enfermagem que se quer moderna, profissional e necessária. Ora se com vinte profissionais se fará (aos olhos de uma miríade de gestores, administradores, economistas e estadistas esquecidos) o mesmo trabalho que se faria com trinta enfermeiros torna-se lógica a decisão de cortar no orçamento, de esquecer os cuidados (que aos olhos de quem gere se mantêm iguais) e optar pelo caminho da economia e da poupança desmedida. Cabe a nós, Enfermeiros de profissão, relembrar a quem de direito, como seria um mundo em que, um Enfermeiro faz "apenas" o trabalho de um Enfermeiro. Chega de correr pelos corredores, adormecer de exaustão pelas cafetarias, prejudicar a saúde em nome de um cavalo alado inexistente. Compreendo que apenas um Enfermeiro não conduz à mudança, mas uma mudança do paradigma profissional só beneficiaria o utente, as instituições e, no extremo, a equipa de saúde.
Não é possível ver, hoje em dia, o mundo como à 10 anos atrás. As regras empresariais apoderaram-se da economia, da gestão, da saúde e do bem-estar da população. A precaridade é a palavra de ordem, mas não existe ponto comum entre precaridade e alto desempenho. Esse desempenho só pode ser mantido com a constante actualização. Como podemos então GARANTIR a constante actualização por parte de Enfermeiros, Médicos, Radiologistas, Cardiopneumologistas, etc? Como podemos garantir iguais comportamentos e pesquisas se todos sabemos que a curiosidade e a motivação para aprender reside no interior de cada um de nós? A resposta, embora controversa é, no meu entender simples: Através de uma avaliação objectiva, concisa e, mais que tudo, quantificável. Não se avaliaria apenas o desempenho, mas sim o grau de conhecimentos, de especialização, de abrangência e consequentemente conseguir-se-ia um aumento da eficiência. Sistemas transparentes e honestos...como preconizado pela União Europeia. Não somos o primeiro grupo profissional a passar por dificuldades que, ainda por cima, todos consideramos conjuntural, em vez do fatalismo optemos pelo empreendedorismo. Limitemos o acesso ao ensino superior, limitemos ainda mais o acesso ao ensino superior privado...o acesso à educação é inteiramente público, desde que se cumpram os requisitos para esse mesmo acesso. Deve ser igual para todos os jovens portugueses...ora se uns entram sem esforço (que não económico) e outros sofrem para um acesso gratuito (ou tendencialmente...a 900 euros), inicia-se logo aqui um paradoxo. Mais um.

"Como salvar uma vida." (Curso intensivo de 20 horas!?)


Se alguém duvidava que os tempos eram de vigilância, eis que surge, desta vez com a chancela da Ordem dos Farmacêuticos (secção regional de Lisboa). O Presidente da supracitada secção, citado no blogue Doutor Enfermeiro, refere que:


"(...) A propósito de as vacinas começarem a ser administradas nas Farmácias (acto técnico cuja validade diz respeito à Ordem dos Enfermeiros), "Farmacêuticos vão aprender a reanimar doentes "!

"A Ordem [dos Farmacêuticos] vai realizar cursos em conjunto com o Instituto Egas Moniz, mas a Associação Nacional de Farmácias, várias cooperativas e institutos do ensino superior vão fazê-lo"
"Os cursos têm 20 horas e vão começar em Setembro, para que os conhecimentos estejam frescos a partir de Outubro".


A formação irá permitir [segundo a Ordem dos Farmacêuticos, "reforçar conhecimentos de suporte básico de vida, que foram apreendidos na universidade". Normalmente, não há efeitos secundários, porém, se houver casos de choque anafiláctico (alergia), "pode ser preciso fazer reanimação ou tratar, localmente, as reacções alérgicas", diz (...)".


O que, certamente o Presidente da Secção Regional não se recordou é que o choque anafilático, quando não encaminhado rápida e correctamente pode levar a Paragem Cárdio Respiratória. E, segundo as indicações do ECR (2005) e do Centro de Formação Médica do INEM (2006) é "pouco provável que a vitima recupere apenas com Suporte Básico de Vida(...) sendo o acesso ao Suporte Avançado de Vida e à Desfibrilhação Precoce (se ritmo cardíaco compatível) uma prioridade". Ora, dificilmente este curso de 20 horas permitirá um conhecimento abrangente sobre fisiologia em PCR...e certamente que não permite uma avaliação experiente, complexa, multifactorial e reservada até aos dias de hoje para médicos e enfermeiros. Se existe a leve possibilidade (real ainda por mais) de um procedimento técnico levar a situações desta gravidade então não deveriam de ser levados a cabo em ambientes seguros e controlados com acesso a médico e enfermeiro imediato? Ou devemos esperar que 20 horas de ténue formação permitam efectuar Suporte Básico de Vida enquanto, desesperadamente, se aguarda a activação e deslocação de uma VMER?

Escala de Braden para Avaliação de Risco de Úlceras de Pressão

A Escala de Braden é um instrumento de avaliação constituido por 6 itens, que nos permite quantificar o risco de um doente desenvolver Úlceras de Pressão e determinar as medidas preventivas adaptadas a esse mesmo risco.

Estudo de caso acerca de Úlceras de Pressão em Medicina Intensiva (Aqui);
Escala de Braden (Aqui).

Directrizes de nutrição na prevenção e tratamento de úlceras de pressão

"As úlceras de pressão resultam de uma complexa interacção entre inúmeros factores de risco externos e internos – força mecânica excessiva, imobilidade, incontinência, idade avançada, entre outros. As consequências da imobilidade são frequentemente vistas como o principal factor que predispõe ao início do desenvolvimento das úlceras de pressão, mas é também sabido que existe uma relação causal entre a nutrição e o desenvolvimento das úlceras de pressão. (...)"

Leia tudo Aqui.

in European Pressure Ulcer Advisory Panel (2008) disponível online em
http://www.gaif.net/images/Epuap/epuapnutricaodirectrizes.pdf

Formação e Novos Cursos

A Learn&Care, uma empresa de formação, especialista na formação em cuidados de saúde, e que é detida pela Primus Care, cuja a actividade foca-se na prestação de cuidados de saúde e apoio domicliário. Anunciou a abertura, para Outubro, das seguintes Acções de Formação:


Curso "Administração de Terapêutica Subcutânea e Hipodermóclise"
Datas: 4 de Outubro a 8 de Novembro.
Duração: 32 Horas.
Destinatários: médicos e enfermeiros



Curso "Tratamento de Feridas"
Datas: 7 de Outubro a 27 de Novembro.
Duração: 60 Horas.
Destinatários: enfermeiros



Curso "Intervenções de Enfermagem em Técnicas Dialíticas"
Datas: 6 de Outubro a 26 de Novembro.
Duração: 60 Horas.
Destinatários: enfermeiros



Curso "Suporte Básico de Vida e Traumatologia"
Datas: 7 de Outubro a 27 de Novembro.
Duração: 60 Horas.
Destinatários: enfermeiros


Mais informações disponíveis em: http://www.learnandcare.com/quemsomos.htm

"A LEARN&CARE tem a missão de promover, organizar e gerir acções de formação dirigidas a profissionais e cidadãos com necessidades específicas, quer formação aberta, quer formação especializada. Tem como públicos alvo, enfermeiros, auxiliares de acção médica, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, psicólogos e ainda outros grupos para os quais as contribuições da enfermagem e das ciências humanas e sociais podem ser relevantes para as práticas profissionais e para a valorização dos recursos humanos: educadores, formadores, técnicos superiores de serviço social, “cuidadores informais”, entre outros."

(in http://www.learnandcare.com/quemsomos.htm, online em 17 de Setembro de 2008, às 15:56)


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Cada macaco...

...no seu galho!
O ditado popular é conhecido de todos mas, algumas classes, tendem a esquecer.
Ultimamente, que agora há todos os dias alguma, a polémica tem sido a administração de injectáveis por parte de Farmacêuticos.
A Ordem dos Enfermeiros não se fez esperar e emitiu, no dia 30 de Agosto de 2008 o Parecer nº 46/2008, que versa sobre a disputa acima referida.

Este documento pode ser lido Aqui.


Não compreendo qual a grande disputa. Aliás no meu simples e modesto modo de pensar, sem grandes devaneios que o tempo é de contenção, não vejo onde está a fundamentação para tal actividade. Não vejo tanta movimentação para a administração de Micro Enemas (Microlax(R) por exemplo) ou para a administração de medicação de aplicação tópica. No caso da vacinação a sua administração por Farmacêuticos é pura e simplesmente anedótica. Pela quantidade de efeitos adversos possíveis, efeitos laterais e complicações GRAVES associadas à administração deste tipo de fármaco.
Aguarda-se uma punição exemplar para os Enfermeiros que, inconscientemente, tenham realizado as acções de formação (20 humorísticas horas).