domingo, 8 de fevereiro de 2009

Açores I


"O Governo Regional pretende, a breve trecho, alargar o âmbito das suas bolsas de formação específica, contemplando os finalistas do curso de enfermagem que desejem prosseguir estudos, como médicos, em Medicina Geral e Familiar.

O anúncio foi feito ontem pelo secretário regional da Saúde, Miguel Correia, na sessão de abertura das comemorações dos 50 anos da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada." Ler aqui (clique)


Como se já não bastassem o conjunto de políticas absurdas, o conjunto de "bitaites" que tudo o que é condutor de ambulância manda, a precariedade e a falta de corporativismo, agora parece que a Licenciatura em Medicina é PROSSEGUIR os estudos em Enfermagem. Parece-nos que o curso de Licenciatura em Enfermagem já é, por si só, uma licenciatura. Ora sendo uma licenciatura, obter o grau de licenciatura noutra área, sendo já licenciado em Enfermagem dificilmente se pode considerar uma PROGRESSÃO de estudos. É, no máximo, um alargamento de conhecimentos e competências. Que péssima escolha de palavras, sua excelência.


O responsável por esta frase, certamente desconhecedor da realidade vivida pela Enfermagem nos últimos anos é Miguel Correia, responsável pela pasta da saúde no arquipélago onde já vimos de tudo. Inclusivamente a exclusão dúbia de candidatos num concurso público...que teve inclusivamente direito à atenção mediática em prime-time da SIC.

Surge, ainda assim, coerente dissertar curtamente acerca das esperanças, possibilidades e opiniões que a população, órgão soberano numa democracia, destina ao actual Secretário Regional da Saúde nos Açores.

«-Noventa e quatro por cento dos leitores do site Acores.rtp.pt não acreditam na capacidade do novo Secretário da Saúde para resolver os problemas do sector.

-Os leitores consideram que o Secretário será boicotado pelos interesses instalados.
-Num inquérito realizado pelo site nas últimas duas semanas, é residual o número de pessoas que acredita que o novo Secretário será capaz de melhorar o sector público da saúde.» Ler aqui (clique)

Estes dados, espelhados no site da RTP Açores, são indicativos da opinião pública. Largas maiorias, sempre duvidosas, muitas vezes enganadoras, mas sempre sinceras.

No entanto, o senhor Secretário de Estado aparenta possuir opiniões fundamentadas, certeiras e, mais que isso, objectivamente direccionadas no que toca ao diálogo multidisciplinar da saúde. Pensaria o senhor leitor que, dada a afirmação anterior de antemão, o senhor Secretário de Estado não aparenta ser Enfermeiro. Seria estranho que o fosse. Não consideraria então a Licenciatura em Medicina o resultado da progressão de um Licenciado em Enfermagem. Será então, dado o vasto conhecimento, um membro da distinta (sem sarcasmos) classe médica? Para obter essa informação, assim como outras, vamos recorrer ao sítio do Governo Regional dos Açores. Passamos a citar:

"Miguel Fernandes Melo de Sousa Correia nasceu em Angra do Heroísmo a 8 de Janeiro de 1972. É casado.

Licenciou-se em Economia na Universidade Nova de Lisboa, com especialização em Economia de Empresa, e tem trabalhado no no sector empresarial, designadamente como director financeiro.

Colaborou na implementação do modelo de contratualização dos hospitais açorianos e coordenou a preparação do concurso público para a construção e exploração do Centro de Radioterapia dos Açores, que funcionará em Ponta Delgada.

Membro da Ordem dos Economistas e da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, assumiu, em 2007, o cargo de vogal do Conselho de Administração da Saudaçor – Sociedade Gestora de Recursos e Equipamentos da Saúde dos Açores, SA." Ler aqui (clique).


Nota:

Da parte dos Enfermeiros, só nos resta esperar que mal entendidos deste género não voltem a ocorrer. É lamentável que se trate a classe dos Enfermeiros como meros "degraus" para um fim maior. O fim de medicina. Há quem queira mesmo ser Enfermeiro, Economista, Advogado, Médico, Arquitecto,...Palavras que nos entristecem, assim como a mercantilização empresarial da saúde. Felizmente, esquecemos cedo e não guardamos rancor.

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